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Nesse artigo você irá aprender tudo o que precisa saber sobre BDRs e terá condições de avaliar se vale a pena investir nessa modalidade que a pouco tempo ganhou as manchetes dos principais sites e redes sociais de finanças.

O que são BDRs?

A sigla BDR representa o termo em inglês Brazilian Depositary Receipts, que, traduzindo para o português, Certificados de Depósitos de Valores Mobiliários. Apesar de serem emitidos e negociados na Bolsa de Valores Brasileira, eles representam ações de companhias com capital aberto no exterior. Sendo assim, quem adquire um BDR está incluindo na carteira um investimento que é atrelado a ativos internacionais, porém o primeiro ponto que precisa estar claro é que você não está comprando a ação propriamente dita da empresa, porém participa dos resultados dela. Vamos detalhar esse ponto mais pra frente.

Agora que já sabe o que é um BDR, e que é apenas um certificado, vamos explicar como que um certificado de depósito fica disponível para comprarmos.

Os BDRs são emitidos pelas chamadas instituições depositárias. Trata-se de uma instituição que adquire as Ações de companhias estrangeiras e as coloca sob custódia. Assim, os ativos ficam bloqueados e podem ser utilizados para emissão de BDRs correspondentes. Então, os investidores brasileiros compram os certificados na B3 e realizam investimentos com lastro no exterior — por exemplo, nos Estados Unidos ou na Europa.

 

Quais são os principais tipos de BDR?

Como você viu, o BDR é uma forma que o investidor brasileiro tem para investir de maneira indireta em empresas listadas fora do país. Para conhecer mais, vale a pena entender quais são os tipos de BDR que temos atualmente.

Eles podem ser de dois tipos: BDR patrocinado e BDR não patrocinado.

 

BDR patrocinado

É aquele em que a própria empresa estrangeira tem interesse em negociar os recibos no Brasil. Ou seja, a companhia busca instituições parceiras para viabilizar a emissão de BDRs na bolsa brasileira. Essa modalidade infelizmente é a menos comum.

Para isso, ela precisa se adequar às regras da CVM e se responsabilizar também por repassar aos investidores nacionais as informações relevantes sobre o negócio. Os BDRs desse tipo podem receber diferentes classificações de nível — de acordo com as normas da CVM.

 

BDR não patrocinado

A maior parte dos BDRs disponíveis na B3 são do tipo não patrocinado. Isso significa, basicamente, que a iniciativa de lançar os certificados na bolsa brasileira não partiu da própria companhia originária das ações. Nesse caso, entra outra instituição no meio, que são as instituições depositárias brasileiras que tiverem interesse em adquirir os papéis internacionais. Então, elas colocam em prática o processo para custodiar os ativos e emitir os BDRs, cumprindo as regras estabelecidas no país.

Neste caso, todas as informações repassadas ao investidor são de responsabilidade da instituição depositária e não da companhia estrangeira. Alguns exemplos são os BDRs de gigantes como Facebook, Apple, Alphabet (dona do Google), Amazon e Twitter –  todos “não patrocinados”.

 

Quem pode negociar BDRs atualmente?

Até o dia 21/10/2020 apenas os investidores qualificados podiam negociar BDRs, porém a CVM mudou essa regra, e a partir de 22/10/2020 todo investidor da B3 passou a poder negociar BDRs.

 

Com a mudança nas regras, todos investidores passaram a ter possibilidade de negociar os cerca de 700 BDRs, no total, disponíveis atualmente na B3. O BDR é visto por muitos especialistas como uma maneira de incluir papéis de empresas internacionais no portfólio, porém, é preciso ficar atento a alguns riscos importantes desse tipo de ativo. 

 

Quais as desvantagens de investir em BDRs?

Algumas desvantagens serão exploradas nesse artigo, porém antes de prosseguirmos, gostaríamos de deixar claro que não investimos em BDRs e não somos patrocinados por nenhuma corretora no exterior e muito menos aqui no Brasil.

A primeira desvantagem sobre investir em BDRs, é a questão da diversificação. Para terem uma ideia, a principal bolsa dos EUA (S&P) possui cerca de 3.000 ações (stocks), mais de 1.000 ETFs e 150 REITs, enquanto que no Brasil estamos limitados a 533 BDRs Americanos. Aqui já temos um grande motivo para nos expormos de maneira direta no exterior, onde temos uma gama muito maior de ativos.

Segunda desvantagem é a liquidez. Em geral, os BDRs possuem baixa liquidez. Para termos uma ideia do nível de liquidez dos BDRs, dos 533 BDRs americanos, 54 não tiveram negociação nos últimos 60 dias, 85 tiveram mais de R$ 100 mil de liquidez por dia e a grande maioria, 410 BDRs teve uma liquidez diária menor que R$ 100 mil por dia.

Mesmo para você, pequeno investidor, baixa liquidez não é um problema para a compra do ativo, e sim para a venda. Geralmente o spread (diferença entre preço de compra e preço de venda) é muito grande, fazendo com que seu retorno fique menor.

Terceira desvantagem está relacionada a incerteza do valor que você está pagando pelo ativo, pois quando você compra um BDR, em tese ele vale a quantidade de ações que ele equivale nos EUA multiplicado pela cotação do dólar daquele momento, porém nos BDRs há a presença de arbitradores de mercado, que geralmente são quem dão liquidez para os BDRs, porém fazem essa arbitragem de diferença de preço, o que pode fazer você pagar mais caro por um ativo do que ele vale de verdade.

Para auxiliá-los na validação se a cotação do BDR está sendo justa, recomendamos utilizar o site Investing.

Quarta desvantagem está relacionada aos dividendos. Em caso de investimento em BDRs, você tem “bitributação dos dividendos”, pois quando uma empresa nos EUA paga dividendos, já é tributado em 30% sobre os dividendos, e no Brasil, a B3 cobra mais 5% como taxa desses dividendos. Enquanto que, investindo direto nas empresas no exterior, essa taxa de 5% não existe.

Quinta desvantagem é em relação a não diversificação do risco jurídico e tributário, pois você está se expondo de maneira indireta no mercado americano, porém com todos ativos em custódia no Brasil. Toda alteração em relação a ganho de capital ou tributação de dividendos que ocorrer no Brasil, irá impactar diretamente seus investimentos em BDRs. Enquanto que, se isso ocorrer, e você estiver investido no exterior, essa parcela não será atingida.

Sexta desvantagem é o risco de conversibilidade, o qual consiste na dificuldade de trocar reais por dólares em caso de necessidade e, apesar de ser pouco difundido, deve ser encarado com seriedade, pois seu BDR está negociado no Brasil. Caso venhamos a ter um possível controle do governo nas transações de moeda estrangeira, que pode criar tributos ou até mesmo controlar o capital, impondo limitações mensais para a troca, como está acontecendo com a Argentina, você estando exposto em BDRs, terá dificuldades em levar esses investimentos para fora do país.

Sétima desvantagem, está relacionado a tributação. Enquanto que no exterior você tem uma isenção de impostos para vendas com lucro de até 35 mil reais, os BDRs não possuem essa isenção, ou seja, vendeu um BDR com lucro, precisa apurar ganho de capital e o imposto é de 15% sobre os lucros.

 

Conclusão

Você deve estar se perguntando se não tem nenhuma vantagem em investir em BDR, e na nossa opinião, a única vantagem é você não ter nenhum trabalho em abrir conta e enviar dinheiro para o exterior. Porém, acreditamos que essa vantagem é mínima perto de todas as desvantagens apresentadas acima.

Repare que quem incentiva investir em BDRs geralmente são corretoras, que ganham com seus investimentos. Então fiquem atentos as recomendações.

Não vemos motivos para investir em BDRs, e caso você ainda não tenha aberto sua conta no exterior, clique aqui e saiba tudo o que precisa e um passo a passo para aumentar ainda mais sua diversificação.

 

Caso tenha ficado alguma dúvida, deixe nos comentários que iremos te ajudar.

Grande abraço

Rafael e Mariana

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