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Antes de começarmos a falar da empresa, caso você não conheça no detalhe os grupos dentro do segmento de energia, recomendamos muito que você leia esse artigo antes de prosseguir com a leitura da análise abaixo.

A EDP Energias do Brasil, controlada pela EDP em Portugal, uma das principais operadoras europeias no setor energético, é uma holding que detém investimentos nos segmentos de Geração, Distribuição, Comercialização, Transmissão e Serviços de Energia Elétrica.

O grupo de Geração controla as operações de empreendimentos de fonte convencional (usinas hidroelétricas e uma usina termelétrica) em 6 estados do país (Mato Grosso, Tocantins, Ceará, Pará, Amapá e Espírito Santo) e detém 2,9 GW de capacidade instalada. O segmento de Distribuição atua com duas distribuidoras nos estados de São Paulo e Espírito Santo (EDP São Paulo e EDP Espírito Santo), além de possuir participação de 25,35% no capital social da Celesc, em Santa Catarina.

O grupo de Comercialização negocia contratos de compra e venda de energia com clientes distribuídos em todo território nacional.
O grupo de Transmissão é o mais novo para a empresa, iniciado em 2016, com 6 projetos por enquanto, totalizando 1.441 km de extensão.

O segmento de Serviços, através da EDP Grid, presta serviços técnicos e comerciais, incluindo sistemas de transmissão, distribuição e manutenção para clientes corporativos, projetos de eficiência energética e geração distribuída fotovoltaica.

Antes de prosseguirmos gostaria de chamar atenção para o acionista majoritário da EDP em Portugal, China Three Gorges, ou seja, o acionista majoritário para o qual a EDP Energias do Brasil se “reporta” é um grupo chinês, que já tentou fechar o capital da empresa em Portugal. Portanto um sinal amarelo deve ser aceso para quem pretende ser sócio dessa empresa pelos próximos 10/20 anos.

 

Estrutura acionária e governança corporativa

 

Conforme vimos acima, a EDP Energias do Brasil é controlada pelo Grupo EDP que possui 51% das ações da empresa, tendo acionista majoritário o grupo chinês conforme mencionado acima. No mercado de possuem em circulação 48,7% de suas ações, conforme imagem abaixo.

                Fonte: RI

A Companhia tem como prioridades, o investimento em transmissão e distribuição, bem como em novos serviços, por meio do lançamento da marca EDP Smart. O objetivo é garantir uma diversificação de portfólio para mitigação de riscos e estabilidade dos resultados no longo prazo, bem como a preparação para as transformações do setor elétrico, que compreendem a abertura de mercado.

 

Quando falamos de governança corporativa, a EDP Energias do Brasil integra o Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo e, assume compromissos adicionais de governança, que garantem tratamento justo e igualitário a acionistas, colaboradores, clientes e fornecedores.

Esses compromissos abrangem a inclusão de todos acionistas em oferta pública de aquisição de ações, no caso de alienação do controle por idêntico preço pago por ação ao bloco de controle, portanto suas ações possuem tag along de 100%.

 

Explorando suas fontes de receita

 

Vimos acima que, a EDP Energias do Brasil atua no 3 setores (Geração, Distribuição e Transmissão) e, quando olhamos para os resultados, podemos notar que, a maior parte de sua receita vem do setor de distribuição, onde em 2019, representou 60% de sua receita líquida, conforme imagem abaixo (quadrado laranja).

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                                                                  Fonte: Demonstrações Financeiras ENBR – 4T2019

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                                                                     Fonte: Demonstrações Financeiras ENBR – 4T2019

Quando colocamos uma lupa no setor de distribuição, encontramos algo que o investidor de longo prazo deve ficar atento, que é o prazo de concessão, pois a EDP São Paulo vence em 2028 e a EDP Espírito Santo vence em 2025, conforme destaque na imagem abaixo.

 

Ao que parece, a EDP Energias do Brasil não vem demonstrando muita vontade em brigar pela renovação dessas concessões, pois seus investimentos estão voltados para o setor de transmissão, que já começam a apresentar resultados. Conforme podemos ver na imagem acima, destacado em verde, a participação do setor de transmissão saiu de 0,15% em 2018, para 1,3% em 2019, e os projetos em andamento encontram-se adiantados, o que deve aumentar ainda mais a participação desse setor, que possui receita mais previsível dentre os 3 que a empresa atua.

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Analisando os números

 

Agora que conhecemos melhor a empresa e entendemos todos os ramos de atuação da mesma, vamos olhar o histórico através dos números apresentados em seus resultados.

 

Todas as informações abaixo foram retiradas a partir das demonstrações financeiras, que podem ser encontradas no site de EDP Energias do Brasil, dentro da parte de RI (Relação com Investidores).

 

As demonstrações de resultado da empresa são apresentadas de maneira separada, de acordo com o grupo de atuação. Nesse relatório você irá conseguir analisar a empresa como um todo.

 

Olhando o histórico de receitas, custos e lucro líquido, vemos que, nos últimos 10 anos, seus custos aumentaram quase que na mesma proporção do aumento de receita e a empresa não apresentou prejuízo, fechando 2019 com um lucro líquido de R$ 1,48 bilhões. Novamente, vale lembrar que o setor no qual ela está mais investindo é o de transmissão e é o que possui maior previsibilidade de receita e menor custo, para os próximos anos.

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Um indicador importante que precisamos avaliar é a evolução do EBIT (Earnings Before Interest and Taxes) ao longo do tempo, ou seja, vamos avaliar como estavam os lucros antes dos juros ou impostos, conhecido também como LAJIR. 

Esse indicador exclui as despesas ou receitas financeiras, chegando ao lucro operacional, portanto é aquele lucro gerado pelas operações realizadas pelas principais atividades da empresa.

Na figura abaixo, é possível notar o quão eficiente ela é e como vem aumentando sua capacidade produtiva ao longo do tempo.

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Quando olhamos para a rentabilidade da empresa, o ROIC (Return On Invested Capital) merece destaque.

Antes de prosseguir com os números, vamos revisar:

  • ROIC se refere ao retorno sobre o capital total investido (capital próprio + capital de terceiros). Dessa forma, o ROIC apresenta quanto de dinheiro uma empresa tem capacidade de gerar com o capital total investido, permitindo avaliar a capacidade de uma empresa investir seu capital de maneira inteligente.
    • ROIC = NOPLAT/ Capital Investido
      • NOPLAT: sigla que vem do inglês Net Operating Profit Less Adjusted Taxes, ou seja, ele representa o lucro operacional (ou EBIT) menos os impostos.
      • Capital investido: capital total alocado pela empresa, ou seja, a soma do capital dos acionistas com o capital de terceiros.

 

Abaixo podemos notar como a empresa investe de maneira cada vez mais eficiente (ROIC). Essa queda de 2015 a 2017 se deu pelo fato dela estar se endividando para construção das torres de transmissão, setor esse que a empresa irá focar nos próximos anos.

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As dívidas da empresa

 

Sempre que falamos de alguma empresa do setor elétrico, duas informações nos vem em mente: dívidas e dividendos.

 

Em relação a dívida bruta da empresa, apesar de crescente, conforme podemos ver no gráfico abaixo, vale a pena destacar o prazo de vencimento dessa dívida, a grande parte irá ocorrer depois de 2024, onde grande parte de suas linhas de transmissão estarão prontas, gerando receitas.

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                                                                                     Fonte: Demonstrações Financeiras ENBR – 4T2019

Quando olhamos para os indexadores de sua dívida, vemos que grande parte está indexada ao IPCA e ao CDI, conforme imagem abaixo. Por isso, se até 2023 estivermos nesse cenário de Selic e inflação baixa, ela já terá pago mais de 50% de sua dívida com juros mais baixos.

 

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                                                                                                                                  Fonte: Demonstrações Financeiras ENBR – 4T2019

O que esperar da EDP Energias do Brasil daqui pra frente?

 

Como comentado acima, quando falamos de empresas do setor de energia lembramos de dividendos, não é mesmo?

 

Pois bem, aqui talvez você se decepcione um pouco, se o seu objetivo for de curto prazo.

 

A EDP Energias do Brasil ainda não é uma empresa com altos dividendos, pois como vimos anteriormente, seu foco está em crescer no setor de transmissão. Sendo assim, payout fechou 2019 com 67% e um dividend yield de 4,5%, porém, no futuro, esse dividend yield deve aumentar, bem como seu payout, uma vez que o setor de transmissão possui baixo custo de manutenção e maior previsibilidade de receita.

 

Além dos dividendos, quando investimos em uma empresa com foco no longo prazo, temos que fazer avaliações qualitativas e quantitativas. Não devemos tomar decisões apenas baseadas em números do passado e perspectivas presentes em relatórios, pois o cenário futuro muitas vezes não é perfeito e podemos cometer erros que podem custar parte de nosso patrimônio.

 

Como vimos acima, a empresa cresceu não apenas em receita, mas também em lucro líquido, mesmo com aumento da dívida. Lembrando que, lucro só cresce se as margens bruta e líquida forem saudáveis e, como podemos ver na figura abaixo, margem crescente não é um problema para a EDP Energias do Brasil.

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Diante de tudo que foi apresentado acima, podemos considerar a EDP Energias do Brasil como uma empresa de crescimento, com grande potencial para distribuir bons dividendos.

 

Devemos ficar atento a dois fatores:

  • Apetite da empresa em renovar as concessões das distribuidoras de São Paulo e do Espírito Santo, pois mesmo focando no setor de transmissão, sua receita não seria capaz de suprir o impacto da perda das duas distribuidoras.
  • Tentativas do grupo chinês em fechar capital da EDP de Portugal.

 

 

Esse estudo tem caráter didático e não é recomendação de compra/venda/manutenção do ativo estudado.

 

Ficou com alguma dúvida? Deixe nos comentários.

 

Grande abraço.

Rafael

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